terça-feira, 21 de agosto de 2012

O CARNAVAL NA IDADE MÉDIA – A FESTA DOS LOUCOS



Segue uma coletânea de informações sobre o Carnaval na Idade Média, para ser usado com alunos do ensino fundamental e Médio. O texto trata da Festa dos loucos.

Para garantir a expansão do Cristianismo durante os últimos séculos de existência do Império Romano e na Idade Média, a Igreja foi forçada a consentir com a prática de certos costumes pagãos. O Carnaval acabou sendo permitido, o que serviu como “válvula de escape” diante das exigências impostas aos medievos no período da Quaresma.
Na Idade Média, o Carnaval passou a ser chamado de “Festa dos Loucos”, pois o folião perdia completamente sua identidade cristã e se apegava aos costumes pagãos. Na “Festa dos Loucos”, tudo passava a ser permitido, todos os constrangimentos sociais e religiosos eram abolidos. Disfarçados com fantasias que preservavam o anonimato, os “cristãos não-convertidos” se entregavam a várias licenciosidades, que eram, geralmente, associadas à veneração aos deuses pagãos.
Promovidas pelo baixo clero, são testemunhadas desde o final do século XII até ao do século XVI. Nelas se elegia, entre os subdiáconos, e a exemplo das Saturnais e dos vários reis carnavalescos, um “dominus festi”, um soberano da festa, vulgarmente designado como “Bispo” e, por vezes, “Papa dos Loucos”, o qual assumia toda a autoridade durante o período dos festejos.
“Padres e clérigos podem ver-se usando máscaras e aparências monstruosas nas horas do ofício. Dançam no coro vestidos de mulheres, lacaios ou menestréis. Cantam canções licenciosas. Comem chouriços pretos no altar enquanto o oficiante diz a missa. Jogam aí aos dados. Incensam com um fumo fétido procedente da sola de sapatos velhos. Correm e pulam pela igreja, sem corar da sua vergonha. Viajam finalmente pela cidade e seus teatros em miseráveis carruagens e carroças; e suscitam o riso dos seus companheiros e circunstantes através de representações infames, com trejeitos indecentes e versos torpes e libertinos” .
No Carnaval medieval vivia-se uma vida ao contrário. A vida oficial – religiosa, cristã, casta, disciplinada, reservada, etc. – era trocada pela vida não-oficial – a pagã e carnal. O sagrado que regulamentava a vida das pessoas era profanado e as pessoas passavam a ver o mundo numa perspectiva carnavalesca, ou seja, liberada dos medos e da ética cristã.
É importante ressaltar que as manifestações carnavalescas da Idade Média eram fundamentalmente vividas, não meramente assistidas por um público. Por isso o Carnaval deste período não é compreendido como um espetáculo, mas antes como uma manifestação. Essa manifestação acontecia em um espaço onde era criado um segundo mundo regido pela lei da liberdade, um mundo entre a vida e a arte.
O Carnaval era uma segunda vida, baseada no riso e na festa. Nas festividades carnavalescas, as pessoas burlavam a vida oficial, com suas hierarquias, tabus, valores políticos ou morais.
ma figura que se destacava na Festa dos Loucos era o Bufão. O bufão é uma figura característica da Idade Média e início do renascimento. Não se tratava de personagens que se vestiam como artistas para fazer números. Era uma postura de vida, pessoas com grande veia cômica que assumiam este estado e continuavam a ser bufões em todas as instâncias da vida cotidiana.
Os bufões e bobos são personagens características da cultura cômica da Idade Média. Os bufões e bobos não eram atores que desempenhavam seu papel no palco. Situavam-se entre a vida e a arte A loucura no bufão era uma paródia do espírito oficial, convencional.
Na Quaresma, todos os cristãos eram convocados a penitências e à abstinência de carne por 40 dias, da quarta-feira de cinza até as vésperas da páscoa. Para compensar esse período de suplício, a Igreja fez “vistas grossas” às três noites de carnaval.
Com a chegada da Idade Moderna, a “Festa dos Loucos” se espalhou pelo mundo afora, chegando ao Brasil, ao que tudo indica, no início do século XVII. Trazido pelos portugueses, o ENTRUDO – nome dado ao carnaval no Brasil – se transformaria na maior manifestação popular do mundo e, por tabela, numa das maiores adorações aos deuses pagãos do planeta.
Referencias

3 comentários:

  1. Historicamente está bem legal, mas acho que você poderia ter feito comentários estabelecendo relações com o carnaval de rua atual, que a exemplo da festa dos loucos é uma festa participativa, onde se vê muita licenciosidade.

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